

SP-Arte 2025
02 abr 25 - 06 abr 25
O Clube de Colecionadores do Museu de Arte Moderna de São Paulo foi fundado em 1986 com o objetivo de estimular a produção artística contemporânea, além de incentivar e democratizar o colecionismo de arte. Perto de completar quarenta anos, é o programa institucional mais longevo do museu, que preserva em sua coleção permanente exemplares de todas as edições já realizadas. A trajetória extensa e experimental do Clube de Colecionadores se iniciou com um laboratório de gravura que logo envolveu artistas que vinham de outras linguagens, como a pintura e a escultura, além de pesquisas conceituais. O programa também se especializou em mais frentes com a criação do Clube de Fotografia e o Clube de Design, mantendo a proposta de exploração artística no contexto de uma tiragem limitada de reproduções. Essa abordagem foi reformulada com a unificação do Clube em 2022, resultante do reconhecimento sobre a qualidade polivalente da produção artística brasileira.
Na SP-Arte de 2025, o MAM São Paulo destaca em seu estande um conjunto de edições das duas últimas décadas que estabelecem diversos tipos de diálogos.
Os trabalhos de Detanico & Lain e Cristiano Lenhardt, por exemplo, apresentam formas com diferentes perfis tonais, mas que produzem efeitos similares de volume e profundidade, seja através do dinamismo linear presente no primeiro, ou da espacialização luminosa projetada no segundo. As edições tridimensionais de Ascânio MMM e Arcangelo Ianelli, assim como a impressão fotográfica de Geraldo de Barros, oferecem imagens de corte, montagem e construção que sensibilizam propriedades arquitetônicas e construtivas do corpo no espaço.
As gravuras de Luiz Zerbini, Marina Rheingantz e Karin Lambrecht desdobram questões da pintura, adotando procedimentos técnicos convencionais à gravura — a impressão litográfica, a fotogravura e a gravura em metal. As obras de Waltercio Caldas (2015), Nelson Leirner, Antonio Manuel e Cildo Meireles formulam deslocamentos visuais para refletir conceitualmente acerca da natureza da imagem e da padronização do olhar. O uso de palavras nos trabalhos de Jonathas de Andrade, Nino Cais e Waltercio Caldas (2003) conduz a sentidos diversos, realizados através de diferentes materialidades e particularidades semióticas, que, em comum, reativam os estatutos da representação e do signo.
Já as edições de Shirley Paes Leme, Nelson Felix, Paulo Monteiro e Brígida Baltar desafiam a previsibilidade da reprodução implícita na criação de um múltiplo. Na obra de Shirley Paes Leme, a “impressão” é criada pelas partículas poluentes do ar de São Paulo sobre filtros de ar-condicionado de carro. Na proposta de Nelson Felix, a queda de uma pedra sobre uma superfície altamente mutável “grava” a força gravidade e produz uma imagem fugaz do invisível. O gesto e a manualidade envolvidos na obra de Paulo Monteiro e Brígida Baltar produzem imagens em “relevo” que oscilam entre o plano e o espaço, a figuração e a abstração, a percepção e a sensorialidade
Gabriela Gotoda
Curadoria MAM São Paulo
artistas
Angela Detanico e Rafael Lain (Caxias do Sul, RS, Brasil,1974 e 1973) | Antonio Manuel (Avelãs de Caminho, Portugal, 1947) | Ascânio MMM (Fão, Portugal, 1941) | Arcangelo Ianelli (São Paulo, SP, Brasil,1922 - São Paulo, SP, Brasil, 2009) | Brígida Baltar (Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1959 – 2022) | Cildo Meireles (Rio de Janeiro, RJ, Brasil 1948) | Cristiano Lenhardt (Itaara, RS, Brasil, 1975) | Geraldo de Barros (Chavantes, SP, Brasil, 1923 – São Paulo, SP, Brasil, 1998) | Jonathas de Andrade (Maceió, AL, Brasil, 1982) |Karin Lambrecht (Porto Alegre, RS, Brasil, 1957) | Luiz Zerbini (São Paulo, SP, Brasil, 1959) | Marina Rheingantz (Araraquara, SP, Brasil, 1983) | Nelson Félix (Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1954) |Nelson Leirner (São Paulo, SP, Brasil, 1932 – Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2020) | Nino Cais (São Paulo, SP, Brasil, 1969)| Paulo Monteiro (São Paulo, SP, Brasil, 1961) |Shirley Paes Leme (Cachoeira Dourada, GO, Brasil, 1955) | Waltercio Caldas (Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1946)
imagens








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